Passei o
último fim de semana numa pousada muito bacana em Santo Antonio do Pinhal, SP.
Além da paisagem linda e tranqüilizante, da comida inspirada servida pelo chef
Marcello Catalfamo e das instalações confortáveis e bonitas, a Pousada do Cedro
ainda oferece uma seleção de ótimos filmes que podem ser assistidos no quarto
ou no business center. Escolhemos
A Marca da Maldade, que por um lapso da minha educação nunca tinha visto.
Charlton
Heston faz o honesto detetive mexicano Ramon Vargas, em lua de mel na fronteira
México-EUA com Susan, sua esposa americana, Janet Leigh (sim, a mesma que mais
tarde foi assassinada pelo mãeniaco do Hotel Bates, em Psicose). Orson Welles
faz o policial corrupto, Hank Quinlan, que, tendo perdido a esposa anos atrás
sem nunca conseguir achar o culpado, se transformou numa pessoa amarga e
obcecada por resultados, mesmo que os ditos não sejam assim tão acurados ou
corretos. Para consegui-los, não se acanha em forjar provas, ameaçar
testemunhas e lançar mão de quaisquer subterfúgios. O que lhe interessa é ter
um culpado nas mãos.
Logo no
começo do filme ocorre um assassinato: vemos um sujeito colocando uma bomba num conversível onde em seguida embarca um rico boêmio acompanhado de uma garota.
Os dois andam no carro por um tempo, passam por vários transeuntes, entre eles
o detetive Vargas e sua esposa, cruzam a fronteira do México para os EUA e a
bomba explode.
Como a
bomba foi plantada no México e explodiu nos EUA, as autoridades dos dois lados
se reúnem para desvendar o caso.
A partir
daí segue-se um excelente film noir, onde o suspense prende até o fim. A trama
intrincada, as cores sombrias, a cilada para uma inocente, tudo confirma o que
inúmeros críticos já apontaram: este filme, além de ser um dos últimos, também
é um dos melhores do gênero. Tem até a Marlene Dietrich numa ponta como a femme
fatale, ex amante do vilão.
Aliás, o elenco estelar já dá uma
idéia da qualidade: Charlton Heston, legítimo representante do cinemão
Hollywood, aparece com um bigodão para que ninguém esqueça que o personagem é mexicano, e Janet Leigh está ótima como a americana audaciosa e ligeiramente
ingênua, que acaba vítima da associação entre a máfia e a policia corrupta. O
melhor de todos, porém é o gordíssimo e torturado policial de Orson Welles, que
iria apenas atuar, mas acabou dirigindo o filme porque o produtor quis agradar
o astro Charlton Heston. Este aceitou o papel pensando que Welles seria o diretor. Durante as filmagens Welles mudou o roteiro várias vezes e, no fim, o
estúdio não montou o filme conforme suas especificações. Só recentemente foi
montada uma versão segundo a vontade dele, que é a que vimos.
Um pouco
por conta dessas idas e vindas, é preciso prestar atenção para entender a história,
como em todo bom noir. Claro que no final dá tudo certo (menos para os que
morrem pelo caminho) e o casal central pode deixar todos os problemas para
trás. Adormeci em meio a lençóis egípcios embalada pela trilha sonora de Henri
Mancini.
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