A história
de George Valentin (Jean Dujardin), um famoso ator de filmes mudos que não se
conforma com a transição para o cinema falado e de uma jovem atriz iniciante,
Peppy Miller (Berenice Bejo), mostra a decadência dele e a ascensão dela na
Hollywood do final dos anos 20.
Eu já tinha
a intenção de ir, adoro um preto e branco, mas com a premiação ficou mais fácil de ter companhia.
Falando nisso, não sou especialista no assunto (apesar de já ter visto
muuuuitos filmes, coloridos ou não), mas a impressão que me ficou não foi a
mesma dos antiguinhos de verdade. A imagem tem uma qualidade diferente, não sei
bem se é a nitidez ou o quê, mas isso não tira absolutamente a graça do filme.
Pelo contrário, mostra claramente que é um filme que trata, entre outras
coisas, de cinema.
Quanto às
outras coisas, cada um tem a sua impressão e recebe a mensagem do seu jeito
próprio. A situação vivida pelo protagonista já apareceu antes, de várias
formas. Em Cantando na Chuva, quando os filmes falados surgem a personagem de
Jean Hagen perde o posto para Debby Reynolds por ter uma voz de lascar. Em
Nasce uma Estrela, que teve três versões filmadas, a última com Barbra
Streisand e Kris Kristofferson, o artista famoso ajuda uma jovem iniciante que
se torna mais bem sucedida do que ele, que começa a declinar até o fracasso.
A esposa
ausente e distante (Penelope Ann Miller), o motorista fiel pau-pra-toda-obra (James
Cromwell) e o dono do estúdio
com seu eterno charuto (John Goodman) são todas figuras bem executadas no
filme, mas já vistas e revistas muitas vezes.
Mesmo assim,
como eu dizia, para cada um o impacto é diferente, e para mim, se posso me
identificar com a situação, o filme é bom. Nesse sentido, com certeza este é
ótimo. Eu também fiquei morrendo de vontade de levar o Valentin para a minha
mansão art deco, vestindo um casaco preto maravilhoso (aliás, todas as roupas
da Peppy Miller são espetaculares, adorei cada lantejoula). E a angústia dele, ao
ver todo o seu mundo ruindo pela chegada de novidades muito além do previsível ou
evitável, é um sentimento muito familiar nesta época que vivemos.
O George
Valentin de Dujardin é um charme ambulante, e aposto que até quem não gosta de
cachorro vai sair do cinema imaginando que pode ser interessante ter uma
relação como a dele com seu cãozinho, Jack.
Para
terminar, falemos do final. Se não quer saber como acaba, pare de ler agora. A
engenhosa solução encontrada por Peppy para resgatar a auto estima, fortuna e
sucesso profissional do Valentin numa tacada só, tranformando-o em dançarino
sapateador, tem tudo para encerrar uma lição a todos nós. Em tempos bicudos, dancemos!
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