quarta-feira, 7 de março de 2012

O Artista, dirigido por Michel Hazanavicius, França, 2011. Por Maria Isabel Rodrigues Teixeira.

Ontem fui ver o filme mudo e em branco e preto que levou cinco dos dez prêmios Oscar a que foi indicado.
A história de George Valentin (Jean Dujardin), um famoso ator de filmes mudos que não se conforma com a transição para o cinema falado e de uma jovem atriz iniciante, Peppy Miller (Berenice Bejo), mostra a decadência dele e a ascensão dela na Hollywood do final dos anos 20.
Eu já tinha a intenção de ir, adoro um preto e branco,  mas com a premiação ficou mais fácil de ter companhia. Falando nisso, não sou especialista no assunto (apesar de já ter visto muuuuitos filmes, coloridos ou não), mas a impressão que me ficou não foi a mesma dos antiguinhos de verdade. A imagem tem uma qualidade diferente, não sei bem se é a nitidez ou o quê, mas isso não tira absolutamente a graça do filme. Pelo contrário, mostra claramente que é um filme que trata, entre outras coisas, de cinema.
Quanto às outras coisas, cada um tem a sua impressão e recebe a mensagem do seu jeito próprio. A situação vivida pelo protagonista já apareceu antes, de várias formas. Em Cantando na Chuva, quando os filmes falados surgem a personagem de Jean Hagen perde o posto para Debby Reynolds por ter uma voz de lascar. Em Nasce uma Estrela, que teve três versões filmadas, a última com Barbra Streisand e Kris Kristofferson, o artista famoso ajuda uma jovem iniciante que se torna mais bem sucedida do que ele, que começa a declinar até o fracasso.
A esposa ausente e distante (Penelope Ann Miller), o motorista fiel pau-pra-toda-obra (James Cromwell) e o dono do estúdio com seu eterno charuto (John Goodman) são todas figuras bem executadas no filme, mas já vistas e revistas muitas vezes.
Mesmo assim, como eu dizia, para cada um o impacto é diferente, e para mim, se posso me identificar com a situação, o filme é bom. Nesse sentido, com certeza este é ótimo. Eu também fiquei morrendo de vontade de levar o Valentin para a minha mansão art deco, vestindo um casaco preto maravilhoso (aliás, todas as roupas da Peppy Miller são espetaculares, adorei cada lantejoula). E a angústia dele, ao ver todo o seu mundo ruindo pela chegada de novidades muito além do previsível ou evitável, é um sentimento muito familiar nesta época que vivemos.
O George Valentin de Dujardin é um charme ambulante, e aposto que até quem não gosta de cachorro vai sair do cinema imaginando que pode ser interessante ter uma relação como a dele com seu cãozinho, Jack.
Para terminar, falemos do final. Se não quer saber como acaba, pare de ler agora. A engenhosa solução encontrada por Peppy para resgatar a auto estima, fortuna e sucesso profissional do Valentin numa tacada só, tranformando-o em dançarino sapateador, tem tudo para encerrar uma lição a todos nós. Em tempos bicudos, dancemos!

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